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quarta-feira, 6 de maio de 2009

Brasil: Um problema de Memória, Condescendência ou Conveniência?

Perguntas que não querem calar no meu coração: Somos vítimas? Somos algozes? Acomodados? Somos afinal o quê?

Amo meu país. Como bilingue e descendente direta de italianos, poderia há muito ter me mudado para países de língua inglesa ou ter lutado com a burocracia italiana e brasileira (fôlego não me falta) e me tornar digna pessoa de dupla cidadania, tendo na União Européia um imenso teatro cheio de palcos para mim. Acontece que tais estratagemas não constituem parte integrante de meu caráter. Não sou pessoa de abandonar um barco afundando (na próxima encarnação, talvez Deus me faça comandante de um Titanic qualquer, sabe como é Deus...). Não iria para o estrangeiro sugar um bem-estar social e econômico pelo qual não lutei. E nem iria proferir as – na minha opinião, hipócritas – palavras de nossa atual Primeira Dama: “Quero (com a cidadania italiana) um futuro melhor para meus filhos!”

Se nasci com tantos recursos, mas ainda assim brasileira, deve haver um bom motivo – ou então estou marcando a famosa zero hora, vai saber. Enfim, continuo aqui e hoje quero divagar sobre o problema da amnésia crônica brasileira. Não me conformo! Para mim, pisou na bola (ou no tomate, o que na minha atual carestia chega a ser mais trágico) é para todo sempre, amém! Sou ressentida por natureza. Não tem essa estória de fazer hoje e, amanhã, vida nova. Por mim, todo corrupto deveria desaparecer da vida pública, se não por vontade própria, por imposição da sociedade. Todo assassino deveria apodrecer na cadeia (junto com os políticos corruptos) e os crimes de assassinato não deveriam jamais prescrever.

Saiu da televisão, do rádio, da revista e do jornal, então nunca aconteceu! É assim a vida no Brasil. O José Dirceu vem aí (tipo Silvio Santos: lá,lá... lá,lá, lá, lá), o Genoino vem aí (lá,lá... lá,lá, lá, lá), o Color vem aí (lá,lá... lá,lá, lá, lá’). Os assassinos da Daniela Perez (lembram dela?) já estão por aí (lá,lá... lá,lá, lá, lá). E por aí vai. Em falar em Sílvio Santos, sabe por que ele está sempre sorrindo? Na minha opinião, é porque há anos atrás ele matou a charada do Brasil: o Brasil é uma piada! Na única vez que ele cogitou que a coisa não seria bem assim, ele retirou a sua candidatura a Presidente da República (lembram disso?). O que eu lamento profundamente! Lamento que ele e o Antônio Ermírio de Morais não tenham levado suas campanhas eleitorais adiante (lembram disso?), afinal, são empresários bem sucedidos e, com eles, a empresa tem que crescer, e não trabalhou, dançou! E o Brasil é, em linhas gerais, uma empresa que deve ser administrada, o que não anda sendo.

A dor não prescreve (mas o assassino, mais hora, menos hora, sai: livre, leve e solto). O rombo financeiro nas contas da União não prescreve (é coberto através de alguma falcatrua e o povo nem nota). Mas o desaforo é levado para casa e – dia após dia, noite após noite – destilamos nossas dores no travesseiro, pois amanhã é um novo dia, que será igual a qualquer outro dia de 500 anos atrás, 100 anos atrás, 50 anos atrás, 2 dois anos atrás... Se continuar assim – escrevam minhas palavras nas suas próprias páginas – ainda teremos um assassino ou um ladrão no poder (ou já os temos, vocês lembram o que eles fizeram no passado?). E o pior é que vamos sorrir satisfeitos, achando que fizemos uma excelente escolha. E por que não? Qualquer um pode ter vida nova em um país sem memória. E se por acaso lembrarmos quem são os ditos cujos, porque não perdoarmos e darmos a outra face? Assim não agiriam ‘os cordeiros de Deus’? Só nos restaria então libertar os pecados do mundo, ou o mundo dos pecados. Me deseje boa sorte, pois desejo o mesmo para você.