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quarta-feira, 24 de junho de 2009

Brincando com o Fogo da Intolerância

Eu simplesmente adoro a Internet. Para uma pessoa curiosa como eu, que sempre quer saber um pouco mais sobre tudo, o paraíso digital é exatamente isso: o céu. Mesmo com minha caquética conexão rural, ainda tenho milhões de opções, desde visitas virtuais a museus mundo afora até consultas a bibliotecas, passando logicamente pelos sites de atualidades e pelas mil opções de mídia disponíveis aos internautas. Confesso, porém, que ando preocupada. Como tudo o que traz em si a marca registrada do ser humano, o ciberespaço anda me mostrando sinais atemorizantes.

Que a liberdade vira de uma hora para outra libertinagem, isso todos sabemos. Entretanto, todo o sexo disponibilizado nos mais variados sites – com exceção da pedofilia, por motivos óbvios – não me perturba. Adultos devem saber o que fazer de suas horas vagas, problema deles. E nem a enxurrada de basbaquices escritas por debilóides semi-analfabetos me leva à comoção, porque afinal de contas os ditos estão apenas pondo para fora aquilo de que são capazes, por deplorável que seja. Não. O que por vezes me paralisa é entrever que, mesmo estando no século 21, ainda fazemos de uma faca um objeto de assassinato, muito embora seja seu melhor uso passar manteiga no pão. Assim está acontecendo com a Internet.

Certos grupos religiosos, raciais, políticos, sociais e nacionalistas estão deitando e rolando com a suprema facilidade e rapidez – e o anonimato – com que as informações são passadas pela Internet. O caso, mais uma vez, não é no que uma pessoa deve ou não acreditar, mas quão longe ela planeja ir com sua crença. Choca-me a atitude invasiva desses grupos que, não se limitando a ficar em seu metiê e a trocar impressões variadas com seus semelhantes, sem pudor ou delicadeza procuram intencionalmente por tópicos contrários aos seus para ali destilar o veneno e propagar a demência de sua intolerância. Resumindo, é uma atitude de converter ou matar.

Isso já aconteceu, por exemplo, na Idade Média e na Alemanha de Hitler. Aconteceu na Parada Gay, recentemente. E anda a acontecer na Internet. A diferença entre o antes e o agora é que no passado as pessoas eram proibidas de buscar o esclarecimento, atualmente elas se recusam a buscá-lo. É uma clara regressão da racionalidade, que anda perdendo feio para a ignorância e insegurança pessoais. A História se repete: sempre há de aparecer alguém esperto o suficiente para lançar mão das massas humanas, tolas e mal-informadas, e usá-las em prol de seus interesses. E a Internet é uma ferramenta excelente para esses propósitos e já existe, entre o pessoal do oito ou oitenta, quem fale em censurar a WWW. Não seria mais simples viver e deixar viver? Mas pelo jeito isso não é um talento humano por excelência.