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sexta-feira, 2 de outubro de 2009

A Cauda e a Cabeça do Dragão


Paul Krugman, economista e articulista do The New York Times, esta semana publicou um artigo sobre a mudança no clima terrestre causada pelo ser humano. Um entre tantos outros artigos que passam despercebidos – quando deveriam ocupar diariamente todas as primeiras capas de revistas, manchetes de jornais e minutos de noticiário – ‘Cassandras do Clima’ encerra em si a problemática da questão. Cassandra, na mitologia grega, é uma profetiza que, amaldiçoada por Apolo, não consegue fazer com que as pessoas acreditem em suas previsões. Da mesma forma, os atuais modelos climáticos lançam dados científicos sobre a questão e alertam para desastres iminentes, mas ninguém leva o assunto com a seriedade merecida.

Segundo Krugman – e eu concordo plenamente com ele – “parte do problema é que é difícil manter o foco das pessoas” (pois estão mais preocupadas com suas pequenas vaidades diárias, acrescento) e que “responder à mudança climática com a energia que a ameaça merece... embaralharia as cartas da economia, ferindo alguns interesses poderosos estabelecidos”. Em decorrência de tamanha incongruência humana, políticos, legisladores, chefes de Estado, a mídia e outros detentores de poder não tomam providências rigorosas de controle ambiental e nem exigem, com o vigor necessário, que a população se adapte como se faz premente. Incompetência geral, pura e simplesmente.

Na Natureza não existe espaço para a incompetência, pois esta é prontamente destruída em prol da harmonia, pertinência e equilíbrio. Os aptos sobreviverão e terão a seu dispor todo o necessário para sua permanência e reprodução. E não há como ir-se contra as leis naturais uma vez que elas são a base da vida aqui no planeta. Tais leis, regentes da vida, existiram antes de tudo o que aqui se encontra e persistirão depois de todos os seres vivos encontrarem sua extinção. Esse é um fato sobre o qual não há apelação, emendas ou reformas constitucionais e qualquer ser, animal ou vegetal, que não prostrar-se em obediência à esta Magna Carta Primordial estará condenado à morte.

A incompetência humana está no paradoxo de o ser humano possuir raciocínio, ser capaz de ver e analisar todo um conjunto de informações, mas manter-se centrado no próprio umbigo à revelia da sobrevivência do mundo em que vive. Ao invés de sermos a caput draconis da criação, somos a cauda draconis do mundo natural, os instintos baixos governando a razão. O resultado é que o mais primitivo ser natural é menos nocivo à Terra do que mais elevado representante de nossa espécie. E apesar de nossa auto-idolatria dizer o contrário, não haverá glória naquilo que somos a menos que salvemos o planeta de nós mesmos. Se não o fizermos, o planeta dará cabo de nós, pois essa é a Lei da Vida - acima da qual ninguém está.