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terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O Porquê do Meu Amor Pelos Animais

Tenho visto mais coerência nos animais – incluindo-se invertebrados e afins – do que em uma única criatura humana. Eles são fieis à sua natureza e à Natureza enquanto Mãe. Você nunca os verá afogados em questões teóricas referentes ao ‘Grande Porquê’ das coisas. Eles apenas vivem e quaisquer revezes, por favor, sejam dirigidos ‘Ao Sr. Mundo Como Ele É’. Respeitam uns aos outros, só matam para comer. Usam o passado como experiência, vivem intensamente o presente e o futuro nem ao menos lhes passa pela cabeça – enquanto que para nós, racionais, o passado é ‘karma’, o presente ‘uma cruz a carregar’ e o futuro ‘a Deus pertence’ (não é uma graça, além de conveniente?).

Passarinhos caem do ninho e morrem. E se saírem do ninho, fazem isso com as próprias asinhas e preparados para enfrentar o mundo e os predadores. Os animais não precisam de estratagemas. Viver ou perecer é questão de mérito e ponto final. Não precisam de um deus, apesar de prestarem louvores à Grande Mãe Natureza simplesmente ao não destruí-la por estarem vivos. Sobreviver sem ter capacidade para isso não faz parte do seu dicionário (por sinal, eles não precisam de dicionário). Vivem sem medicina, cirurgia, dinheiro, ideologias ou esmolas políticas, e isso lhes basta. São todos campeões – os perdedores não estão mais por aqui.

Já nós, sublimes seres da criação, burlamos o ambiente para que este nos acolha, apesar de não conseguirmos fazer com que ele nos respeite. Veja as mudanças climáticas, apavorando a COP15 juntamente com a falta de água e outros ‘pequenos problemas’ criados pelo próprio ser humano. Menos carros e menos pessoas no mundo? Não, céus! Se fizermos isso, o que vai ser dos empregos e da Previdência no futuro? E evitar filhos não é pecado? Questões interessantes e comuns a quem se dá ao luxo de depredar o mundo e só se preocupa com isso porque está à beira da extinção – afinal, se a Terra morrer, morreremos nós.

E justo nós - que nos outorgamos o poder sobre a vida e a morte do planeta devido a nossa autoproclamada sapiência - queimamos as pestanas em Copenhague, onde há clara hesitação dos responsáveis pela situação do clima mundial. É nefando, mas engraçado mesmo assim. Quem menos merece viver, pois mata a si mesmo e ao resto do mundo, é quem se dá ao luxo de solfejar. Entretanto, cuidado! A Natureza é irônica e vingativa. Enquanto jogamos conversa fora lá em Copenhague, o planeta já arregaçou suas mangas e nos prepara uma grande surpresa – e eu não acho que essa surpresa virá embalada como presentinho de Natal.