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quarta-feira, 4 de novembro de 2009

ONGs, CPIs e Outras Pizzas

Confesso que às vezes fico indecisa. Semana passada, por exemplo. Ao ler que o Lula afirmou, diante de uma plateia formada por ilustrados catadores de lixo, que o brasileiro “não precisa de formadores de opinião” (i.e., intermediários se intrometendo na harmoniosa relação governo-povo), não consegui decidir se devia morder com raiva o canto da mesa, chorar amargas lágrimas de desilusão ou – a exemplo do que ocorre em Brasília e outras localidades do Poder Público – convidar uns amigos para comermos pizza e juntos darmos boas gargalhadas dos trouxas e simplórios que ajudam, com seu voto (obrigatório) e falta de informação, a glorificar a corrupção. Excesso de opções, eis o meu dilema.

Lula sempre demonstra má vontade para com quem tenta alertar a população sobre a realidade da atual administração federal. Com prosa intencionalmente populesca, o Sr. Lula da Silva transforma o mais alto cargo executivo deste país em um palanque de campanha onde escabrosos escândalos, seus e de seus aliados, são neutralizados. Quem ouve (mas não verifica) o que diz o digníssimo presidente, pensa que ele e sua trupe são a perfeição personificada. Afinal, em sua mais recente e hipnótica sabatina populista, ele disse: “fizemos mais do que qualquer outro governo do Brasil”. Concordo: mais contratações supérfluas, inusitados ministérios, desvios de verba, escândalos e pizzas.

A administração Lula também é recordista em CPIs italianas (regadas com azeite, com ou sem borda recheada). Maçante seria listar aqui tudo o que o presidente não quer exposto ou relembrado pelos ‘formadores de opinião’, então aos interessados é mais fácil acessar: http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/corrupcao_cronologia. Mas posso desde já fornecer um tira-gosto: Correios, Mensalão, Lulinha e Telemar, etc., além de três impeachments presidenciais devidamente arquivados e outras jóias praticamente esquecidas – ou nem ao menos absorvidas – pela grande massa brasileira.

E agora, como emoções não faltam na República de Bananas na qual se transformou nosso inglório país tupiniquim, temos a CPI das ONGs e – interessantíssimo – eis que ninguém menos do que o MST aparece como beneficiário de mais de 50 milhões de reais dos cofres públicos, portentosa verba aprovada após militantes do movimento terem ido trabalhar para deputados petistas em Brasília. Fernando Rodrigues, na página ‘Poder e Política’ do site da UOL, já matou a charada: “O governo vai controlar a CPI do MST como vem controlando as outras, a CPI da Petrobrás, por exemplo”. É isso aí. O Lula não gosta de opiniões formadas – ele prefere as manipuladas.