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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Semeando o Vento

Questão de uma semana atrás, tive – obrigada Deus pelos pequenos favores – uma agradável surpresa. Estava trabalhando em uma tradução quando, de repente, acabou a luz. Ao ligar para a CPFL, fui prontamente atendida por uma voz eletrônica que confirmou meu endereço (não sei como, mas assim foi), informando-me que não só estavam cientes do inconveniente como também o lamentavam, e que o serviço seria reativado assim que possível. Todo o processo não durou mais de 30 segundos. A energia também não demorou a voltar. Impressionante, não? Também achei.

Isso comprova que, quando existe boa vontade nesse país, não há como as coisas não funcionarem. E bem. Somos talentosos em tudo o que nos propomos a fazer e, se incentivados, extrapolamos expectativas, não raro deixando enfática e boa impressão em outros povos. Bom exemplo está em nossos atletas, quando têm condições de arcarem, eles mesmos, com seus treinamentos. Outra jóia está em nosso cinema, nos diretores Walter Salles, Fernando Meirelles, José Padilha e no maravilhoso elenco de Tropa de Elite – aclamadíssimo mundo afora. O BOPE é igualmente alvo de elogios, enquanto polícia especializada.

Nossos cientistas também não ficam atrás, demonstrando sagacidade temperada com engenhosidade, fazendo com que os poucos projetos que conseguem verbas no Brasil deixem muitos na comunidade científica internacional de queixo caído. Digna também de nota é a criatividade dos pequenos, médios e grandes empresários brasileiros que sobrevivem, apesar das chuvas de impostos a que estão expostos e de serem frequentemente chamuscados pela melindrosa política vigente em nosso ambiente trabalhista. O povo brasileiro é tudo de bom.

Infelizmente, o exposto acima não perfaz nem 1% do nosso potencial. E, tudo leva a crer, não passaremos disso, pois os 99% restantes não são semeados. O país ainda vira as costas aos futuros atletas (a não ser que joguem futebol ou já sejam famosos) e as escolas públicas estão um lixo - aqui não se pratica mens sana in corpore sano. O cinema encontra-se na mão da Globo Filmes (e, futuramente – não vai demorar – da Record Filmes), cujos protagonistas serão, algum dia, todos ex-BBB ou ex-Fazenda. Campos de pesquisa científica serão invadidos, de novo, pelo contingente cada vez maior do MST. E a Petrobrás não passará de um cabide de emprego e verbas para ex-sindicalistas, os novos ricos brasileiros. Já imaginou o tamanho da tempestade?